Central Sub20 Palmeiras

Gabriel Richvicki vive um momento especial: “Escolher o Palmeiras foi inevitável”

Emprestado ao Verdão, o jovem de 20 anos diz estar agradecido pela oportunidade de vestir a camisa do Palmeiras. Gabriel revelou que, ao ser disputado por dois clubes que também queriam sua contratação por empréstimo, não teve dúvidas:

“Tinha dois clubes na minha linha, e aí o Palmeiras entra. Não tem como não escolher o Palmeiras, né? A maior potência na base.”

Natural de San Miguel, em El Salvador — país da América Central que faz fronteira com Honduras e Guatemala — o meio-campista chegou ao Palmeiras em 2024, emprestado pelo Azuriz. O atleta já havia estreado no time profissional paranaense, mas seguiu disputando jogos de alto nível pelo Sub-20.

Apenas dois meses após chegar ao elenco alviverde, Richvicki foi convocado para defender a seleção principal de El Salvador. Gabriel contou que seu pai, Fábio de Azevedo — sua maior inspiração — o aconselhava a escolher a seleção brasileira, já que o atleta possui dupla nacionalidade. Mas Gabriel sempre deixou claro que seu coração era azul e branco:

“Meu pai falava: ‘Gabriel, se vier a convocação de El Salvador ou da brasileira…’, e eu sempre respondia que ia escolher El Salvador. Porque se eu nasci lá, é porque esse era o propósito da minha vida.”

(foto: Instagram/@gabrielrichvicki_)

Gabriel confessou que ficou surpreso com a convocação para a seleção principal. Disse que algumas pessoas haviam entrado em contato com ele, mas imaginava que seria para as categorias de base:

“A convocação me pegou muito de surpresa, eu nem imaginava. Fiquei muito feliz. E aí, quando vi que era pra principal, falei: ‘Meu Deus do céu, tô realizando um sonho’.”

Sobre seu pai, Gabriel fala com emoção da importância que ele teve não só em sua vida, mas na decisão de seguir a carreira de jogador:

“A pessoa que eu me tornei hoje é graças ao meu pai. Se não fosse tudo que aconteceu da maneira que aconteceu, talvez eu não estaria aqui hoje. Eu era uma criança mimada, tinha tudo pra não seguir o caminho. Ser jogador de futebol é muito difícil. Desde os 13 anos tô fora de casa. A gente passa por muita coisa que ninguém imagina. Acho que, se não fosse a perda do meu pai, se não fosse o desejo de realizar esse sonho por ele, eu não teria razão pra jogar futebol.”

Fábio Pereira de Azevedo — conhecido no futebol como Fabinho Baiano — faleceu tragicamente no dia 2 de fevereiro de 2018, aos 41 anos, em um acidente de carro na BR-282, próximo à cidade de Maravilha, no oeste de Santa Catarina. Ex-atacante com passagens marcantes por clubes como Chapecoense e Isidro Metapán, de El Salvador, Fabinho atuava, na época do acidente, como treinador das categorias de base do Clube Recreativo Maravilha. Após encerrar a carreira como jogador, em 2011, ele se dedicou à formação de jovens talentos, deixando um legado importante dentro e fora de campo.

Gabriel compartilhou que, de algum modo, a perda precoce do pai o fez amadurecer mais rápido e lutar com ainda mais determinação por um sonho que não era só seu, mas também do pai. Ao falar sobre sua evolução desde que chegou ao Palmeiras, o jogador destacou a mentalidade como o principal fator:

“A mentalidade aqui é vencer. Tem que ter mentalidade vencedora, tem que ser o melhor, tem que fazer da melhor maneira, dar o máximo.”

O jogador elogiou a estrutura do clube e o cuidado com o desenvolvimento dos atletas:

“Tô evoluindo muito. Tinha várias coisas que eu precisava melhorar, e aqui a gente evolui de verdade. A base preza muito pelo desenvolvimento. Eles observam no que a gente precisa crescer e trabalham nisso. Acho que é por isso que os resultados aparecem. A gente tá aqui pra aprender. Tem suporte pra tudo: o CT é incrível, o amparo é real, a comissão técnica é sensacional. Não tenho nada pra reclamar do Palmeiras.”

No dia 14 de março, o Palmeiras publicou nas redes sociais um vídeo marcante da campanha da equipe na Libertadores Sub-20. Antes da semifinal, Gabriel foi o responsável por conduzir a preleção. Seu discurso emocionado impactou o elenco e viralizou nas redes.

“Nem todo mundo tem facilidade pra falar, tem gente que é mais tímida. Mas eu sentia que o que eu disse ali era o que todo mundo estava sentindo. A gente tinha convicção de que iria pra final, que daríamos tudo pra ser campeões. Joguei com o coração, joguei por ele. Era como se cada palavra fosse o sentimento do grupo.”

Apesar da ótima campanha, o Verdão foi superado pelo Flamengo na final e ficou com o vice-campeonato. Gabriel relembra com dor:

“Vivemos a competição de forma surreal. Eu não comecei como titular, mas ali não eram só 11. Os 20 estavam completamente envolvidos. Isso fez tudo ser mais fácil. E machucou muito perder. Doeu demais. A gente sabia que merecia aquele título.”

(foto: Fábio Menotti/Palmeiras)

Com a repercussão do vídeo, veio também a pressão:

“Fiquei muito nervoso. Porque, querendo ou não, é o Palmeiras. Um jogo nosso tem 50 mil, 100 mil visualizações. Vai ver um jogo do Ituano, tem 2 mil. Aqui a dimensão é gigante. Você pisa aqui e seu valor de mercado muda. O status muda.”

Após o vídeo, Gabriel recebeu mensagens de todo o Brasil — e também de El Salvador:

“Foi uma pressão gigantesca, mas foi incrível.”

Ele destaca o que significa representar o Palmeiras para o povo salvadorenho:

“Vim pro Palmeiras e fui pra seleção. Essas duas coisas marcaram minha vida. Quando cheguei aqui, senti que dava esperança pro meu povo. El Salvador precisa disso. Um jogador nosso no maior time do Brasil é inspiração. Isso me deixa muito feliz.”

Mesmo com pouco tempo de casa, Gabriel já se tornou uma liderança fora de campo. Junto com nomes como o zagueiro Thiago Pimenta, ele organiza células em grupo — encontros que envolvem leitura bíblica, orações e reflexões que aproximam o grupo e reforçam o ambiente positivo no elenco.

“É muito especial. A célula aproxima a gente. Independentemente da religião, falamos de Jesus, de fé, de vida. A comissão fala sobre formar bons jogadores, mas também boas pessoas. Sempre entendi, pela criação que tive, que a gente precisa ser bons seres humanos. Ter laços, boas relações, fortalecer amizades. Aqui tem pressão, estamos longe da família, é muita coisa na cabeça. Mas essa união ajuda muito. E mesmo quem não participa, é respeitado. A amizade continua. É um ambiente saudável, e por isso dá resultado.”

Quando treina com o time profissional, Gabriel sente-se à vontade e acolhido. Ele destaca o carinho de alguns jogadores e a importância do bom ambiente também no elenco principal:

“O pessoal me recebe super bem. Gosto muito do Piquerez e também falava bastante com o Atuesta, porque temos amigos em comum da seleção. O ambiente no profissional é excelente. E no Sub-20 também. Mesmo com muitos atletas, a gente é bem unido. Isso reflete nos resultados, tanto no Paulista quanto no Brasileiro.”

(foto: Fábio Menotti/Palmeiras)

Com brilho nos olhos e gratidão na voz, Gabriel resume o que tem vivido com a camisa alviverde:

“Tem sido incrível. Eu evoluí muito. Aqui eles realmente trabalham pra desenvolver o atleta. Tem estrutura, tem suporte. A melhor decisão que eu tomei foi vir pra cá. O jogador chega de um jeito e vai sendo lapidado. O Palmeiras sabe lidar com atleta, e por isso tá revelando tanta gente nos últimos anos.”

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